terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ou quente ou frio!

O Evangelho é essencialmente radical. Basta lembrar que Jesus mandou amar os inimigos (3), dar a outra face ao que nos bofeteia (4), renunciar pai, mãe e até os filhos (5)! Mais ainda, o que é mais radical do que o Filho de Deus morrer na Cruz como um malfeitor? São João Crisóstomo dizia aos que tinham medo da radicalidade: “Por mais que tu faças, por mais que te humilhes, nunca farás o quanto fez o teu Senhor”.
Diante do Evangelho, da Cruz, como temer a radicalidade como um mal, um desequilíbrio, uma espécie de fundamentalismo? Todavia, essa tem sido a justificativa para a cultura do “monroísmo” em muitos ambientes cristãos. A Igreja está repleta de piedades e devoções, boas intenções, gente que colabora, mas falta a radicalidade dos santos.
“Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te” (6).
Quem são os mornos? São esses que colocam tudo nas meias medidas. E o que é o vômito? É uma realidade que está no organismo, em princípio para edificar, mas que se torna um estorvo. Assim são os mornos: dizem ser católicos, “estão na Igreja” – entre aspas porque atualmente nem à Igreja, às vezes, vão mais – mas serão vomitados porque são uma contradição: creem no que querem crer; vivem como querem viver; dão-se a Deus e ao próximo na medida em que não se sentem lesados mas justificam a consciência; são às vezes piedosos, mas rezam do seu jeito, e não com a comunidade, na igreja. Morno é aquele que assume uma postura medíocre justificada por mil desculpas. 

“Poderíamos abordar a complexa miséria moral do medíocre sob diversos ângulos, mas baste-nos registrar este: a característica fundamental do medíocre é precisamente não ter características:




♦ Não será nem frio nem quente: será morno.
♦ Não será branco nem preto: será cinzento, esfumado, indefinido.
♦ Terá medo dos abismos e das cumeeiras: ficará a meia altura, na ladeira.
♦ Não será nem pervertido nem santo: será bonzinho.
♦ Evitará sempre os ‘excessos’ do heroísmo: adaptar-se-á às moderadas suficiências.
Será tranqüilo o suficiente para não ter que perder o sono com grandes responsabilidades; generoso o suficiente para não ser denominado egoísta; trabalhador o suficiente para não ser considerado um vagabundo, um parasita; amável e serviçal o suficiente para conseguir um pequeno número de amigos que satisfaçam egoisticamente as suas necessidades afetivas…” (7).

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