quarta-feira, 11 de julho de 2012

Vigiar por amor ou por temor?

Reflexão sobre a Liturgia da Palavra da 4ª Feira da 29ª Semana do Tempo Comum. 
Rm 6,12-18; Lc 12,39-48 

 
Qual é a melhor forma de se lutar contra o pecado? Amor ou temor?


Meus irmãos, qual destas atitudes parece mais nobre: vigiar porque vivemos sob a graça, ou vigiar por medo da volta do Senhor?

Sabemos que, para sermos salvos, precisamos viver a retidão, viver uma vida digna da vocação a qual Deus nos chamou. As motivações para viver desta forma podem ser várias, como podemos observar pelas leituras de hoje, e todas nos farão chegar ao céu. Mas parece bastante claro que existe uma gradação de valores no tipo de vigilância: vigiar por amor ou vigiar por medo?

A primeira leitura está no contexto da discussão paulina sobre a liberdade da graça e as obras da Lei. Na universo judaico do Antigo Testamento, justo era o homem que cumpria toda a Lei. Este era agradável ao Senhor. Mas toda lei sempre está no âmbito negativo: a lei serve para quem não sabe viver na liberdade, é como uma educadora para refrear os impulsos de uma criança mimada. No entanto, esta educadora não consegue tornar virtuosa esta mesma criança. Já a graça é diferente. Ela não nos ensina o que não devemos fazer; ela nos impulsiona a sermos melhores, os melhores que pudermos ser. Em Jesus Cristo, nos diz São Paulo, o tempo da Lei acabou. Todo cristão deveria viver sob o regime da graça, vigiar por amor ao Senhor, porque é livre, porque recebeu o Espírito Santo como penhor da vida eterna.

No Evangelho, Jesus está diante do grupo dos discípulos, grupo que ainda está vivendo sob o regime da Lei, embora, ao longo de três anos de caminhada, estejam aprendendo a viver sob a liberdade da graça. São Lucas escreve para a terceira geração de cristãos: cansados de esperar a segunda vinda do Senhor, estão se tornando relapsos e moralmente fracos. São como os empregados beberrões da parábola que Jesus contou. A estes está reservado um castigo próprio ao nível de conhecimento de cada um: quanto mais o cristão conhece a verdade e experimenta a misericórdia de Deus em sua vida, mais ele se vê obrigado a viver irrepreensivelmente, não por causa da Lei, mas por causa da graça que o impulsiona. “A quem muito foi dado, muito será cobrado”.

O desejo de salvação universal de Deus é grande. Pela parábola, podemos compreender que, se o cristão não consegue vigiar por amor, deixando-se conduzir pelo Espírito e crucificando os desejos carnais, que pelo menos ele vigie por temer a volta de Jesus! Assim, ele também se salvará.

Que o Espírito de Deus nos ajude, neste dia, a começar ou retomar nosso desejo de viver pela graça, de vigiar por amor. E que a Virgem Maria, a cheia de graça e, portanto, a mais livre das criaturas, interceda por cada um de nós. Assim seja.

Por João Paulo Veloso 

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